O Curso

O curso de Psicoterapia Vincular-Dialética é realizado na forma de um Grupo Operativo Teórico-Vivencial coordenado pelo Prof. Dr. José Raimundo Lippi, durante o qual os alunos têm a oportunidade de vivenciar o aprendizado com base na visão de um grande nome que contribuiu para a mudança da concepção da dinâmica de grupo: Bion.

Além disso, mensalmente, experientes psicanalistas didatas são convidados para proferir seminários de temas variados com o objetivo de expandir o conhecimento e favorecer o crescimento dos alunos. Os seminários são abertos à participação do público em geral mediante inscrição prévia. Os alunos inscritos no curso participam automaticamente de todos os seminários e grupo de estudos.

Esses encontros acontecem no formato a seguir:

  • O Grupo Operativo acontece quinzenalmente às terças à noite (19h às 22h) coordenados pelo Prof. Dr. Lippi.
  • Os seminários são realizados mensalmente aos sábados (9h às 12h) ou terças (19h às 22h). Os seminários também contam com a presença e acompanhamento constante do Prof. Lippi.


O curso apresenta um formato flexível que garante diferentes tipos de certificação dependendo da carga horária freqüentada. Dessa forma, os interessados podem se inscrever a qualquer momento e obter a certificação de acordo com o período estudado. O curso iniciou seu último módulo em março 2013: "Transformando o Pensar com Bion - Bases filosóficas da Terapia Vincular Dialética" e ainda admite estudantes interessados no tema.
 

Para ver a programação dos seminários, acesse:

https://www.amefibh.com/psicanalisebioniana/a2012programacao/

 


 
Módulos do curso
   

Módulo I - Duração 8 meses (Agosto/2011 a março/2012);  Tema: Iniciando o PENSAR “com” Bion - Encerrado

Módulo II - Duração 8 meses (março/2012 a novembro/2012);  Tema: Pensando o PENSAR “com” Bion

Módulo III - Duração 6 meses (março/2013 a agosto/2013);  Tema: Transformando o PENSAR “com” Bion

 

 
Certificações 
   

Abaixo são listadas todas as certificações que compõem o curso. Como o curso teve início em 2011 e já cumpriu boa parte da sua carga horária, observe que somente as certificações de iniciação e atualização estão disponíveis para novos alunos.

Iniciação - carga horária mínima de 15 horas

Atualização - carga horária mínima de 30 horas

Aperfeiçoamento - carga horária mínima de 180 horas – Não é mais possível se inscrever para esta certificação.

Especialização - carga horária mínima de 360 horas* - Não é mais possível se inscrever para esta certificação.

*Certificado entregue mediante entrega de uma monografia.

 


 

Embasamento teórico

 

Segundo A. Schuster, membro do nosso corpo docente e prestigiado Psicanalista Didata do Rio de Janeiro: “A psicanálise deve a Bion alguns de seus momentos mais profundos e originais. Ele a conduziu até seus limites, por vezes para além deles, estabelecendo um diálogo com outras disciplinas do pensamento humano, como a matemática, a filosofia, a literatura, as artes e as ciências em geral. Tal diálogo gerou questões instigantes e inovadoras para a prática psicanalítica, modificando para sempre o panorama de sua técnica. Todavia essa amplitude, desenvolvida por intermédio de um estilo incomum na psicanálise, fez de Bion um autor considerado “difícil”, cujos textos não falam de lugares comuns”. 

A. Sapienza (SP), um dos professores convidados mais ilustres da área, virá para ministrar seminários no nosso curso, nos ensina que: Bion reconhecido como o “Arqueólogo da Mente”. Para explorar o universo epistemológico da psicanálise e os distúrbios do pensamento adentrou o mundo mítico. Seus estudos sobre fenômenos grupais iluminaram a dinâmica da análise, em que o analista e analisando vêm acompanhados de figuras internas.   Bion enfatizava freqüentemente que o valor essencial da experiência emocional no consultório psicanalítico deveria guardar estreita relação com os fatos da vida tal como ela é; caso contrário, os fatos clínicos examinados seriam de reduzida serventia para a livre capacidade de pensar do analista e de seu paciente.

Antonio Muniz de Rezende, renomado Psicanalista Didata e que, também, faz parte do nosso corpo docente, nos ensina alguns aspectos da psicanálise Bioniana:

 “No artigo Sobre a Arrogância, Bion mostra como existe tanto para o analista quanto para o analisando a inevitabilidade de uma cesura entre o analistareal e o pseudo-analista, que no entanto tem a arrogância de apresentar-se como se fosse de verdade.  A conseqüência clínica, ao mesmo tempo epistemológica e prática, é que o trabalho analítico bioniano pode ser considerado eminentemente ético, visando o reconhecimento das características de personalidade e criando condições favoráveis ao seu tratamento, não se contentando em simplesmente constatar e verificar, mas aceitando o desafio de mudanças significativas – por meio de cisão e decisão, na superação das indecisões. Na linguagem clássica, a psicanálise bioniana é prática, ética, e não apenas especulativa ou argumentativa. 

   

Verdade | experiência emocional compartilhada

cesura mencionada acima não seria possível se, precisamente, a psicanálise não se posicionasse corajosamente como busca da verdade: 

 

“... qualquer que seja a disciplina, há uma linha primitiva, fundamental e inalterável - a verdade -  sobre a qual se baseia e que restringe o trabalho do cientista, do religioso ou do artista”.

Na linguagem dos antigos, a verdade é a ratio formalis sub qua; e na de Bion a linha primitiva, fundamental e inalterável, sobre a qual se baseia o trabalho do cientista e que o restringe de maneira inescapável e inevitável.

A este respeito, temos algumas das contribuições mais originais de Bion, sendo a primeira delas  a compreensão da verdade como experiência emocional compartilhada.  Inegavelmente, o paradoxo epistemológico da psicanálise evidencia-se no fato de inaugurar um novo período na história da ciência (que Foucault não hesitou em chamar de era da psicanálise) - pondo fim aos períodos anteriores, especialmente o período racionalista cartesiano -  mas nem por isso identificando-se ao período pós-moderno com suas ambigüidades e ambivalências, a respeito do individual e do coletivo, numa cultura globalizada ainda não integrada.

A psicanálise de Bion não é racionalista, e tampouco anti-racionalista. É antes a entrada num outro universo mental, que é também histórico e cultural,  no qual a experiência da verdade passa a ser de outra natureza, mais propriamente como experiência emocional compartilhada. 

É o que nos permite valorizar ao máximo uma outra genial intuição de Bion quando afirma que assim como existe um aparelho perceptivo sensorial, existe também um aparelho perceptivo emocional, em vários níveis de profundidade, de tal sorte que somente a psicanálise tem condições de acesso a ela, de maneira a permitir que o analisando possa ser mais verdadeiro em sua personalidade profunda (como é dito em Uma teoria do processo de pensar).

 Neste sentido, pude falar do paradoxo da psicanálise como ciência pós-paradigmática, exatamente por mostrar como a experiência da verdade nas várias ciências diversifica-se, em significativos cortes epistemológicos, de maneira que, podendo aproveitar a contribuição  das outras ciências, a psicanálise, no entanto, vai além delas e introduz sua originalíssima contribuição em termos de experiência da verdade. 

Nas ciências formais, a verdade é coerência. Nas empírico-formais, é correspondência ao real. Nas humanas, é consenso simbólico. Mas na psicanálise, a experiência da verdade se faz de início como desvelamento (alétheia com o sentido de não-encobrimento), em seguida como recordação(alétheia com o sentido de não-esquecimento), e se perfaz, bionianamente, como concordância, isto é na verdade como experiência emocional compartilhada.

Tudo isso nos permite entender como o analista bioniano, o analista que étrabalha,  investigando a personalidade do analisando sob o vértice daverdadea começar pelo exame da maneira como este último se relaciona com aquela. Por isso Bion acrescenta:   

 

“... é nisso que estamos interessados - inescapável e inevitavelmentemente - mesmo que não tenhamos idéia do que é verdadeiro ou não é”.